quarta-feira, 6 de julho de 2011

VAMOS COM EDSON VIDIGAL - JUSSAREIRA

Com EdsonVidigal

Senhor Presidente, peço a palavra. E aí o senhor Presidente aquiescendo, tem a palavra Vossa Excelência. Senhor Presidente, quero trazer ao conhecimento desta Casa uma notícia muito "jussareira".

O plenário se aquietou e o Cupertino, vereador de muitos mandatos e sempre o mais votado no bairro do João Paulo, continuou.

O Cupertino era macumbeiro, quero dizer tinha um terreiro de macumba no bairro por onde se elegia sempre, o João Paulo, mas naquele tempo não havia só macumbeiro na situação, exemplo do compadre Bruno, de Nazaré, nos canfundós de Caxias ou que nem hoje, o Bita do Barão nos escancarados do Codó.

Havia também pais de santos de bons serviços como o Cupertino nas militâncias da Oposição. O terreiro do vereador do João Paulo homenageava Neiva Moreira e o Capitão Gondim, os dois mais admirados pelo Povo na ilha do Maranhão.

O Neiva, que ainda vive em São Luís, também conhecido popularmente como caramuru por conta dos seus discursos de incendiar corações por volta do meio dia toda semana nas ondas sonoras da Rádio Ribamar, era na Oposição uma espécie de Neguinho da Beija Flor, sendo que o Neguinho ainda hoje é um exímio puxador de samba e o Neiva era o maior puxador de votos na legenda do PSP, o Partido Social Progressista liderado no Brasil pelo governador de São Paulo, Adhemar de Barros, avô do Johnny Saad, principal executivo da Rede Bandeirantes de Rádio e TV.

O Capitão Gondim, um imigrante cearense de poucos estudos, porém, muito inteligente e corajoso, muito respeitado na Polícia Militar e também pelo mandonismo político, mas só até o dia em que foi preso numa tentativa de ocupar militarmente o Palácio dos Leões para prender e depor o governador de então.

O Neiva fez uma campanha no rádio pela eleição do Gondim para deputado Estadual sob o lema – este homem vai defender você na Assembleia ou ficará para sempre na cadeia.

Nessa onda foram eleitos os dois, o Neiva renovando o mandato Federal e o Capitão Gondim saindo da cadeia no 24/BC para ser diplomado deputado Estadual e tomar posse na Assembleia.

O grande cabo eleitoral no João Paulo, um dos mais populosos bairros da ilha então, adivinhe, isso mesmo, era o Cupertino, em cujo terreiro se encomendavam os serviços que arredavam os maus pensamentos das cabeças dos eleitores.

Pessoas do Governo, puxa-sacos da situação, não podiam entrar nas festas no terreiro do Cupertino, que muitas vezes, dependendo da importância do santo, se encompridavam pela semana inteira.

Os militantes das Oposições Coligadas, em especial os correligionários do PSP, sim, podiam entrar, comer, dançar e até beber aquela água que passarinho não bebe, a qual era passada em bicadas de mão em mão numa coité.

Essa notícia que é festejada aí com estardalhaço pelos áulicos dizendo que o Dono do Mar, e também roteirista e diretor do destino de nós todos, foi eleito no estrangeiro como um dos octogenários mais influentes do mundo, ao lado do Papa Bento XVI, Murdoch, Soros, BB King e outros que tais, me faz lembrar agora o Vereador Cupertino na Câmara Municipal naquela memorável intervenção.

É uma notícia muito "jussareira".

Mas e daí, se no Maranhão, que ele domina há mais de quatro décadas, dois terços da população vive na maior miséria, sob os piores indicadores sociais do Brasil?

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