Com José Lemos
Os Nordestinos Continuam Sendo Massa de Manobra dos Poderosos
Estamos diante de mais um processo eleitoral, onde deveria haver a oportunidade de serem debatidos os grandes problemas nacionais, mas não é o que se observa. Há uma deliberada intenção, principalmente dos atuais detentores do poder, para desviar o foco dos problemas e mira-lo em temas irrelevantes. Foi por isso que fizeram tudo para ganharem a eleição já no primeiro turno. Ocasião oportuna tendo em vistas que a avalanche de candidatos, os debates engessados, e os institutos de “pesquisa” manipulando resultados, evitariam a exposição das evidentes deficiências da candidata sacada do bolso pelo Presidente. Aquele mesmo que renunciou à função para ser uma mistura de cabo eleitoral e líder de torcida fanática disposta a tudo para atingir o seu objetivo. Fizeram de tudo para que os brasileiros dessem um cheque em branco para ela apenas porque houvera sido ungida pelo Presidente, do alto da sua popularidade conquistada fortemente sobre um fortíssimo aparato de propaganda enganosa.
Para o sucesso da empreitada contava com a desinformação que prevalece num Pais que é mantido com baixa escolaridade media e com alta taxa de analfabetismo, justamente para viabilizar o projeto urdido nos laboratórios mais sórdidos da arrogância e da prepotência. Apresenta-se uma retórica supostamente progressista, tentando mostrar que o governo está voltado para as massas populares, mas oferece-se aos banqueiros oportunidades de negócio que os fazem ter lucros como “nunca antes neste País”. Não é por acaso que são os grandes financiadores da campanha oficial.
O paradoxo é que o Nordeste é a região onde mais essa gente tem respaldo. Justamente a região mais carente e que durante os oito anos deste governo teve agravada as desigualdades em relação ao Brasil, e em relação às regiões mais desenvolvidas. Com efeito, segundo dados o IBGE, em 2000 o PIB do Nordeste participava com 13,09% do PIB nacional. Em 2002, a participação da região no bolo da riqueza nacional, ainda segundo o IBGE, havia ascendido para 13,52%. Ao final do Governo Lula a participação do PIB do Nordeste no Brasil havia regredido para 13,07%, bem menos do que acontecia antes do inicio do atual governo, e conseguiu ser pior do que acontecia na virada do milênio.
A população que sobrevivia em domicílios cuja renda varia de zero a no máximo dois salários mínimos no Nordeste, no ano 2000, era de 54,1%. Em 2002 o percentual havia regredido para 52,7%. Pois bem, ao final do atual governo, em 2009, o percentual da população sobrevivendo sob aquelas condições havia evoluído para 55,8%. Mantendo-se a atual tendência de crescimento deste contingente, provavelmente quando a PNAD de 2010 for divulgada teremos um contingente de 56,1% de nordestinos sobrevivendo naquelas condições degradantes de renda. Esta é a população dependente do Programa “Bolsa Família” e que faz a festa e a popularidade do atual Governo.
Outro dado chocante é a falta de acesso ao serviço de coleta de esgoto. De acordo com a PNAD de 2002, uma população de exatas 37.126.064 pessoas não tinha acesso a este serviço no Nordeste. Em 2009 o contingente havia ascendido para 37.397.158 pessoas. Em 2009, depois de jamais ter visitado os governadores legítimos do Maranhão (Zé Reinaldo e Jackson Lago), sabe-se lá porque razões superiores, o Presidente, diante da governadora imposta pelo TSE aos maranhenses contra a sua vontade, mas ao gosto de Sua Excelência, em um dos seus momentos gloriosos de palanque, alardeou de microfone em punho, com voz empostada e com aquele olhar característico que faz em momentos assim em que levita e leva à êxtase a claque sob o seu domínio verborrágico, que o Maranhão estava mergulhado numa M... Assim mesmo com letra maiúscula. Como se constata pelos dados acima, não apenas o Maranhão, mas o Nordeste e o Brasil, estão mergulhados nesta piscina indesejável, haja vista que mais da metade da população brasileira não está conectada à rede de esgoto, como se pode concluir das evidencias mostradas na PNAD de 2009.
A taxa de analfabetismo da população maior de 10 anos do Nordeste, em 2009, atingiu a incrível cifra de 16,4% contra 9,7% do Brasil e 6,6% no Sudeste. A escolaridade média dos nordestinos, em 2009, ficou em ridículos 6,6 anos. No Brasil também não foi essas maravilhas e estabilizou em 7,8 anos, contra os 8,5 anos de escolaridade média atingidas pelo Sudeste, liderados por São Paulo que teve escolaridade média de 9 anos em 2009.
Dessas evidencias depreende-se que as desigualdades na apropriação da riqueza e dos ativos sociais no Brasil se agravaram nestes oito anos de governo populista e falastrão. Paradoxalmente, da região mais carente e mais discriminada saíram os votos que proporcionaram a ampla vantagem da candidata que saiu do bolso do colete do homem que acha que está acima das leis, da Constituição, do bem e do mal. O homem que pode tudo. O homem que me enganou no apogeu dos meus tempos de estudante de Doutorado, Pós-Doutorado e de iniciação como Acadêmico por este mundo de meu Deus. Os brasileiros não mereciam isso. Os brasileiros não merecem que isso continue.
Com Professor Associado na Universidade Federal do Ceará
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