sexta-feira, 24 de setembro de 2010

VAMOS COM LEMOS - O MARANHÃO SEGUNDO A PNAD DE 2009

Com José Lemos

Felizmente o IBGE divulgou no dia 8 de setembro a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) com resultados referentes ao ano de 2009. Foi importante essa divulgação antes da eleição, porque se pode desmistificar a propaganda fantasiosa a que novamente os maranhenses estão sendo vitimas.

É sempre bom lembrar porque no Brasil, em geral, e no Maranhão, em particular, as pessoas costumam ter a memória “curta”. Aqueles que promoveram o caos tentam esconder o passado por razões óbvias. Tentam apagar da memória generalizada as malfeitorias que fizeram no exercício de cargos públicos para a população.

O Maranhão é o exemplo mais acabado no Brasil deste tipo de comportamento. Contudo, felizmente, existem os registros oficiais aos quais, a maioria  não tem acesso, por falta de treinamento adequado para decodificar uma maçaroca de informações que requer lapidação técnica em estatística.

Vamos tentar neste espaço refrescar a memória e mostrar aos conterrâneos como o Estado ficou depois do primeiro ano da violenta intervenção federal que apeou do poder mais de 1,4 milhões de maranhenses que acreditaram que eleições no Brasil eram sérias e que os seus resultados deveriam ser observados.

E ano 2000, penúltimo ano do Governo que voltaria em 2009 por desígnio de Brasília, o Maranhão participava em apenas 0,84% do PIB nacional. Em 2007 essa participação ainda era modesta, mas  já chegava a 1,2%. A retomada aconteceu a partir de 2002 quando os maranhenses se livraram temporariamente da espada de Dâmocles que lhes pairava sobre os sofridos pescoços  que penavam carregando água, tendo em vista que, naquele ano, metade  da sua população não tinha água encanada em casa.

O PIB per capita em 2000 era o menor do Brasil representando apenas 85% do salário mínimo nacional. Em 2007 ainda era baixo, mas não era mais o menor do País e valia 1,2 salários mínimos. Um avanço significativo em se tratando de Maranhão.

Dois ativos sociais importantes em que os maranhenses conseguiram bastantes avanços em sete (7) anos que ficaram libertos (2002 a 2008), experimentaram pioras impressionantes em 2009.  Com efeito, em 2008 a população sobrevivendo em domicílios sem acesso à água encanada no Maranhão representava 30%. Em 2009 haviam ascendido para 33% os domicílios sem água. Impressionante foi o que fizeram em 2009 com o serviço de destino adequado aos dejetos humanos (esgoto ou fossa séptica conectada ou não à rede de esgotamento). Em 2000 o percentual de domicílios privados do serviço era de 76%. Os Governos de Zé Reinaldo e Jackson Lago, que tinham uma elevada responsabilidade social, conseguiram reduzir o percentual para 39% em 2008. Pois bem, aqueles que se instalaram no Palácio dos Leões em 2009, por determinação judicial, conseguiram a façanha de elevar o percentual de domicílios maranhenses sem acesso a esgoto ou fossas sépticas (conectadas ou não a rede geral) para 48% em 2009. Em apenas um ano de administração conseguiram a “façanha” de deixarem exatos 609.115 maranhenses na m..., para usar o termo do Presidente Lula em pronunciamento “históricoem São Luis, diante dos que atualmente dirigem o Estado.

O IDH do Maranhao em 2000 era o menor do Brasil (0,636). Em 2008 tinha chegado a 0,725 superando Alagoas e Piauí.  Em 2009 retrocedeu para 0,715. Em 2000 o Índice de Exclusão Social (IES) do Maranhão era o maior do Brasil, e sinalizava que 51% da população maranhense sobrevivia sob esta triste condição: ser socialmente excluída. Em 2008 este percentual  havia  regredido pra 34%. Os atuais inquilinos do Palácio dos Leões conseguiram fazê-lo voltar a crescer, e com base na PNAD de 2009 estima-se um  IES de 36%, justamente pelos retrocessos no acesso à água e saneamento.

A escolaridade média dos maranhenses em 2000 era de incríveis quatro (4) anos. Apenas havia escolas do segundo grau em 59 dos 217 municípios. A partir de 2002 foram instaladas escolas neste nível em todos os 217 municípios maranhenses e a escolaridade ascendeu para 6,2 anos em 2008, e se manteve em 2009, não avançando um milímetro sequer. O que mostra que educação também não é a “praia” deles.

Mas o grande engodo diz respeito ao acesso à energia elétrica. Entre 2008 e 2009 o percentual dos que não tinham este serviço caiu de ridículos 1,1%,.Isso porque o Ministro era maranhense. Em 2009 exatos 96.732 domicílios onde moram aproximadamente 500 mil maranhenses não tinham energia elétrica. O ex-ministro da Pasta pede voto para os maranhenses ancorado nesta “plataforma”. Incrível!

Oxalá estas informações contribuam para os maranhenses escolherem entre um passado de atrasos sociais e econômicos que se repete em 2009 com projeções para 2010 e gente que de fato contribuiu para melhorar a sua auto-estemas. Essa gente tem deficiências administrativas crônicas. Para cuidar dos interesses públicos. Não dos seus.

Como maranhense de Paricatiua, Bequimão. Professor Associado na UFC

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