sábado, 21 de agosto de 2010

VAMOS DE JOÃOZINHO RIBEIRO - O MARANHÃO DE TODOS NÓS

Com Joãozinho Ribeiro

É terça-feira, 18 de agosto. Às seis da matina já me encontro com o espírito de sapo, carregando o peso dos meus 55 abris pelas vias da Lagoa da Jansen.


Durante o trajeto vou cruzando e me congratulando com um contingente de pessoas alegres, de diferentes gerações, gêneros e classes sociais.

Uma espécie de energia ecumênica vai sendo compartilhada entre os transeuntes até que, num dado momento, irrompe na pista um senhor carregando uns 10 ou 15 abris acima dos meus, e passa a puxar conversa com outro caminhante à minha frente, num volume de voz capaz de fazer estremecer até a serpente encalhada nas águas da Lagoa. Num discurso sem palanque, fala sobre as recentes decisões do TSE sobre casos da ficha limpa e se jubila com a possibilidade das candidaturas de oposição a governadora Roseana Sarney serem atingidas.

Reverbera, de um modo pejorativo e preconceituoso, suas impressões pessoais sobre o candidato Jackson Lago, depreciando sua condição de idoso; de forma grosseira e semelhante, destrata as candidaturas de Zé Reinaldo e Édison Vidigal, reportando-se ao candidato Flávio Dino como um postulante sem chances.

Quanto à possibilidade da ficha limpa barrar o registro de Roseana Sarney e João Alberto, a quem ele próprio alcunha de “carcará sanguinolento”, faz questão de vociferar para que chegue aos ouvidos de todas as garças e siricoras do parque ecológico que a lei foi feita para enquadrar somente os inimigos políticos.

Delicia-se com essa manifestação provinciana de apologia do crime, desfiando um verdadeiro absurdo verborrágico em defesa de práticas explícitas de abuso de poder político, necessárias para eleger a candidata da oligarquia. Penso com os meus botões: em plena manhã de terça-feira, diante de um céu tão bonito cobrindo a Ilha dos guerreiros de Gullar, ninguém merece ouvir tamanhas barbaridades.

Prossigo na minha caminhada, tentando me desfazer destas cenas extraídas de alguma novela de Dias Gomes rodada no século passado, esperançoso de que a semana não seja povoada apenas pelo ativismo de arautos de um coronelismo abalado pelos ventos que sopram do século XXI. O dia é o mesmo, o local é a Praça Benedito Leite, início da noite. Aguardamos na entrada da Associação Comercial do Maranhão o início de um evento, onde o candidato Flávio Dino apresentará para o conjunto de associados daquela centenária instituição as principais diretrizes do seu Plano de Desenvolvimento para o Estado do Maranhão.

O cenário tem uma conotação totalmente diferente daquele das brutalidades matinais narradas neste artigo. Já ficaram para trás as imagens do roteiro dantesco interpretado pelo arauto solitário da última oligarquia do país.

Um grupo heterogêneo de pessoas vai se juntando em torno do coreto da praça iluminada, de onde em breve sairá o Passeio Serenata no rumo das vias do Centro Histórico da cidade quatrocentona.

Aproximo-me dos personagens, e logo sou anunciado pelo mestre de cerimônias do cortejo cultural, e passo a receber abraços calorosos do cantor Léo Espirro e do músico-primo Pipiu. Os primeiros acordes vão acordando as palavras e, num segundo, são acesos os versos de um repertório agradabilíssimo, interpretado em coro por todos os coadjuvantes.

No Auditório da Associação Comercial do Maranhão, sob a coordenação do seu atual presidente, Haroldo Cavalcanti Júnior, inicia-se a programação, que consiste na apresentação do programa de Governo dos três candidatos com melhor desempenho nas pesquisas de intenções de voto. Flávio Dino é o primeiro convidado a expor suas idéias e ser sabatinado pelos representantes dos diversos segmentos empresariais presentes no ato. São mais de duas horas de perguntas bem coordenadas e de respostas objetivas e inteligentes, evidenciando os conhecimentos e o preparo do candidato para exercer o cargo de chefe do poder executivo maranhense. Os temas são bastante abrangentes, indo da segurança pública às propostas de preservação do Centro Histórico; passando pelas soluções para os problemas da saúde, educação, transportes, turismo, ciência e tecnologia, etc.

Os dados expostos pelo candidato Flávio Dino evisceram um Maranhão repleto de possibilidades de desenvolvimento, porém travado pela política e pelas práticas de enriquecimento ilícito e de cobrança de “pedágios”, “propinas” e até mesmo “sociedades” para os investimentos e novos negócios, que se instalam ou que se pretendem instalar, em nosso empobrecido Estado.

A tônica maior das diretrizes apresentadas para um plano de desenvolvimento sustentável, com inclusão social, republicano e sintonizado com as políticas federais, pode ser resumida pela proposta de implementação de uma política de substituição de importações, com ênfase na agricultura familiar, no estímulo às compras governamentais dirigidas às empresas maranhenses; pelas compensações e contrapartidas sócio-culturais pactuadas com os grandes empreendimentos instalados em nosso território; e, acima de qualquer outra condição, na honestidade e na probidade administrativa no trato com o dinheiro e com os negócios públicos.

Em vários momentos o candidato é interrompido pelos aplausos acalorados dos presentes, numa demonstração mais do que clara da empatia com a sinceridade dos seus argumentos.

Os dois diferentes momentos expostos neste artigo representam também as diferentes concepções e os diferentes modelos propostos para administrar o Maranhão.

A decisão final sobre os destinos do nosso Estado virá do povo que, além de maior, sabe que o Maranhão tem de ser de todos nós.

Como participante da história do Maranhão

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