sábado, 8 de janeiro de 2011

DO TOCO AO OCO

Com Felipe Klamt

O carro avançava pela estrada na região do Baixo Paranaíba, no olhar somente o cerrado cortado, a terra revirada com os restos da rica mata nos imensos descampados aguardando as máquinas para a nova plantação da soja. Para emoldurar o lamentável quadro, milhares eucaliptos com folhas verdes e a certeza de um futuro solo árido.
A triste realidade desta população vem sendo demarcada pelos propagados “grandes projetos” do melhor governo da vida dela, tendo o êxodo como opção de sobrevivência, o subemprego nas fazendas multinacionais pelo prato de cada dia, o talhado artesanato evaporando, ficando impraticável a sua comercialização pela falta de madeira e para completar a tragédia surge à primeira favela de beira de estrada.
Muitos gritam pela equivocada penitência imposta a esta gente simples que tinha uma terrinha para morar, para plantar no toco e quem sabe sonhar por algum dia em que o respeito será a primeira regra de convivência.
Assim caminha o Maranhão, com os filhos do chão da miséria sendo tratados como objetos de troca pela continuidade do poder para poucos. Somente alguns. 

3 comentários:

G.D. News disse...

Parece que esta corja não aprende com a História, o Maranhão dos grandes projetos só trouxe desgraças e miséria ao povo, mas será que eles que estão no poder sabem ler? Pelo que se tem visto não, ao menos a leitura das verdades que doem...

Hugo Freitas disse...

Companheiro, Felipe Klamt.

Parabéns pelo belo texto. Um dos melhores que eu já li no seu blog.
Quem dera que todos os blogueiros tivessem essa característica da linguagem como referência: a pena literária da denúncia.

Abraços fraternos.

Hugo Freitas

blog dom severino disse...

Ainda é possível sonhar e ver que nem tudo está perdido, pois ainda contamos com jovens idealistas, assim como você, Felipe. Como contamos no passado com o também jornalista Nascimento Moraes que muitos julgavam pregar no deserto em defesa da proteção da Ilha de São Luís. Bravo Felipe - é a sua juventude, determinação e amor a uma causa que nos enche de vontade em continuar na trincheira em defesa de dias melhores para a humanidade. Continue firme na sua trincheira. Você de lá e eu de cá e a esperança no meio.