sexta-feira, 25 de setembro de 2009

VAMOS DE HAROLDO SABÓIA - A DISPUTA PRESIDENCIAL E O MARANHÃO



Com Haroldo Sabóia

A disputa pela sucessão de Luis Inácio Lula da Silva vai adquirindo rapidamente contornos cada vez mais nítidos e, surpreendentemente, bem diferentes daqueles que pareciam corresponder aos anseios do Palácio do Planalto.
Com o lançamento de Marina Silva e a reafirmação das candidaturas de Heloisa Helena e Ciro Gomes já não teremos uma eleição plebiscitária, tendo como objeto de discussão Lula versus FHC, sonho dos estrategistas e marqueteiros que levaram o PT e seus aliados às vitórias em 2002 e 2006.
As conquistas sociais do governo Lula já não serão monopólio da candidatura Dilma Roussef. Serão repartidas entre todos aqueles postulantes a Presidência da República que construíram a difícil e vitoriosa caminhada de Lula, seja nas florestas úmidas da Amazônia seja nos solos tórridos das caatingas dos Nordestes.
Tanto quanto a ministra Dilma, Marina, Heloisa e até mesmo Ciro Gomes poderão reivindicar uma maior ou menor participação nos números positivos da Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar (PNAD), realizada em setembro de 2008 e divulgada nestes dias pelo IBGE. Como foram amplamente noticiados, seus resultados revelam o ‘Retrato do Brasil’ com os reflexos da expansão econômica de 2007: a queda dos índices de desigualdade, o incremento de renda e o avanço no emprego formal.
No calor de seus altíssimos índices de aprovação popular, reconhecido e respeitado na cena política internacional, estimado por chefes de Estado dos mais diversos matizes ideológicos, qual será o estado de espírito de Lula face às pesquisas pouco alvissareiras à sua candidata Dilma? Qual será o seu sentimento diante do apetite cada vez mais voraz dos seus aliados mais próximos e afagados?
Difícil creditar à ministra Dilma sua manifesta falta de traquejo, de desenvoltura. O drama resultante de seus problemas de saúde, supervenientes a sua escolha como candidata, e sua falta de experiência em disputas eleitorais constituem questões delicadas, difíceis de serem postas, quase impossíveis de serem respondidas. Como, na vida, as razões da virtude e da fortuna...
Em outra ordem de pensamento, não poderíamos descartar a hipótese de que o presidente Lula não estaria de corpo e alma, prá valer, emocionalmente envolvido em sua própria sucessão. Nessa linha, com a mesma frieza com que conteve um extraordinário crescimento do partido que fundou, o PT, tendo a preocupação de manter sempre o criador maior que a criatura. A Lula não causaria nenhum desconforto entregar a faixa presidencial a um adversário historicamente fraco, fadado a devolver-lhe, na data constitucionalmente aprazada, a honraria recebida.
E o Maranhão? Pelas estripulias de suas elites, continua a perambular entre os noticiários político e policial.
Nesta quarta, por exemplo, a Mansão do Calhau recebeu o todo poderoso José Dirceu. Estava acompanhado de alguns sarneysistas filiados (ou infiltrados?) ao Partido dos Trabalhadores do Maranhão; os mesmos que, graças ao golpe pela via judicial que afastou o governador eleito, são agora felizes nomeados pela governadora sem votos, Roseana.
Dirceu aproveitou o conforto da Casa Grande para, pensando o Maranhão como uma senzala, anunciar que o PT local haverá de coligar-se com o PMDB da oligarquia Sarney-Murad.
Lembrado do processo em curso de eleição de novos dirigentes, Dirceu foi cristalino: a aliança do PT com a Oligarquia Sarney no Maranhão independe do resultado das disputas internas.
“Basta me procurar no dia seguinte”, afirmou Dirceu, deixando claro que pesará sobre o PT maranhense uma pronta intervenção.
Quais as conseqüências de uma intervenção desse tipo? Antes de tudo, as roseanas, os lobões, os demais sarneys e murads, agregados de todos os naipes, ganham preciosos tempos de rádio e televisão no horário eleitoral.
Mas isto não é tudo e nem sequer o mais importante.
O que Sarney e sua Oligarquia querem é criar um fosso, um abismo, isolar as oposições maranhenses do PT, partido do Presidente Lula.
Assim, o PDT, com a candidatura historicamente legítima de Jackson Lago ao governo, e o PSB, liderado pelo ex-governador José Reinaldo, candidato natural ao Senado da República, pólos centrais das oposições no Estado, perderiam o apoio formal do Partido dos Trabalhadores... à força de mais um golpe contra o Maranhão e os maranhenses.
Foto com site Wikipédia

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