Com Felipe Klamt
Acabei de encontrar uma fotografia da minha infância, acho que tinha uns seis anos, não mais. Sem dúvida, há quarenta anos era um lourinho bonitinho, nada mais do que isso.
De nada serve ao povo do Maranhão como eu era ou como hoje estou na foto, talvez seja pela simples razão de não ter sido um intelectual, o escritor de um monte de livros, o político que passou por todas as posições e cargos. A minha trajetória não desperta muitos curiosos, vai ver que faltou a ganância do tomar tudo e de todos o papel de dono desta terra.
Jamais seria surpreendido com um texto do Sarney riscado pela arrogância, em mais de quarenta anos de mando no estilo de “Senhor de Todos” muitos viraram vitimas quando as suas vontades não foram supridas. Principalmente no ferir a vaidade de manter a imagem no eterno.
Todos, os que circulam na provinciana esfera política, sabiam que vinha um chora menino na sua coluna dominical, sempre em destaque na capa do seu jornal. Com a mesma âncora de fazer o fundamento em figuras com importância no poder nacional, o patrono do patrimônio particular a ser doado ao público vomitou o desespero pelo pouco-caso em conservar os desenhos da infância dos filhos passando pelos escritos de sua autoria.
Pouco interessa a maioria da população o amontoado de papel da sua passagem, deve ser nocivo à saúde com tanto mofo e ácaros. Os mandados olham como heresia a posição contrária dos racionais deputados quando denunciam o travestir na mudança de nome da Fundação do Sarney, sem esquecer a conta de manutenção descontada na miséria dos maranhenses.
Não temos mais de aguentar a ladainha do Sarney, os parlamentares governistas aprovaram a Lei que permite guardar as lembranças, ele finalmente virou história com prateleira e parede. Ainda bem, como não temos mais a Biblioteca Benedito Leite o que seria dos seus 30 mil livros.
Vamos continuar impacientes, intolerantes, malvados, deformados, burros, defeituosos de nascença, ingratos, idiotas e invejosos como quer o Sarney. Jamais como o Sarney.
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