domingo, 27 de fevereiro de 2011

VAMOS COM JOÃOZINHO RIBEIRO - SERÁ O BENEDITO?

Com Joãozinho Ribeiro
Agora o delegado quer saber quem tem razão. Será, será o Benedito?"              
A lembrança da letra da antiga marchinha de carnaval seria bem oportuna nestes poucos dias que antecedem a temporada momesca de 2011, se não tivesse se transformado numa mais que perfeita tradução dos atos de uma verdadeira quadrilha que se alojou nas entranhas do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA no Maranhão; quadrilha responsável pelo desvio de milhões de reais, que deveriam ser utilizados em programas voltados para a melhoria da qualidade de vida dos assentamentos rurais e da agricultura familiar.
Com o carnaval batendo a porta, boemias e extravagâncias se associando à cumplicidade da alegria e à exposição da arte por toda parte, características desse período momesco, pretendia dirigir meu artigo desta segunda-feira gorda para um tema mais ameno, possivelmente vinculado às histórias da época, porém dois fatos políticos de importância considerável, acontecidos nesta semana, não me permitem assim proceder, sob pena de omissão irreparável.
Ambos relacionados ao estado de degradação moral, ética e política a que chegou o Partido dos Trabalhadores em nosso estado, virando até mesmo caso de polícia, através do envolvimento do seu principal dirigente em desvios de recursos do INCRA.
O primeiro nos remete a atitude de um companheiro respeitadíssimo formado nas lutas populares, desde a participação precoce no movimento estudantil secundarista até a militância em cargos relevantes na direção estadual do PT/MA. Falo do companheiro Franklin Douglas, professor da Universidade Federal do Maranhão, estudioso das questões políticas e sociais, mestre em políticas públicas, que decidiu se desfiliar do PT, após quase duas décadas de dedicação exclusiva à militância e organização do partido.
Uma carta recheada de sentimentos e sinceridade, dirigida ao Diretório Municipal de São Luís, selou o divórcio entre o militante e a agremiação partidária para quem emprestou os melhores anos de sua valorosa existência.
Enquanto o primeiro fato retrata a atitude extrema de um companheiro que se deparou com uma situação inusitada, que lhe deixou praticamente, segundo as suas convicções, sem alternativa; por outro lado, nos enoja e envergonha o envolvimento  de Raimundo Monteiro, presidente estadual do PT, na operação “Donatário” desencadeada pela Polícia Federal, sob suspeita de participação nos desvios de recursos do INCRA, durante a sua atribulada gestão na direção deste órgão federal.
Raimundo Monteiro antes, e Benedito Terceiro depois, se apresentam como principais protagonistas de um espetáculo indecente do ponto vista moral, e criminoso, do ponto de vista jurídico, agora sob a custódia e investigação de várias instituições de controle e fiscalização. A saber: Controladoria Geral da União, Polícia Federal e Ministério Público Federal.
Neste carnaval, só nos resta indagar então: será o Monteiro? Será o Benedito? Será a extrema-unção do PT no Maranhão?
Só sei que as águas vão rolar, literalmente. Antes, durante e depois do carnaval teremos uma agenda política repleta de assuntos que abalarão profundamente o teatro político do estado. Talvez não sobre pedra sobre pedra, que possivelmente irão rolar ladeira abaixo também. E lhes asseguro que não serão de responsa.
No momento, talvez o melhor seja mesmo entrar no ritmo e curtir a folia, usando cada um a fantasia que melhor lhe aprouver e couber. Quarta-feira de cinzas, quando a maquiagem precisar ser retirada do rosto, cair o pano, e os blocos e escolas se recolherem, muitos terão de se explicar aos poderes constituídos e, quem sabe, encontrar uma resposta adequada para a famosa pergunta de ocasião: “O que é que eu vou dizer em casa?”.

Como poeta/compositor

Nenhum comentário: