Com Silvio Bembem
ALIANÇA COM O PMDB/ DEM DA GOVERNADORA ROSEANA SARNEY MURAD E DO SENADOR SARNEY É SUICÍDIO POLÍTICO
Quem diria que um dia o Partido dos Trabalhadores seria tão disputado pela oligarquia! Filie-me no PT no auge da primeira campanha do Presidente Lula, era 1989. Tal motivação se deu pelo sonho de um dia tornar possível uma pessoa de origem pobre, um trabalhador das lutas populares, e sem diploma universitário, um intelectual orgânico – tomo aqui o conceito do filósofo italiano Antonio Gramsci -, de chegar ao posto mais alto da República do Brasil. Naquele ano, isso não aconteceu. Demorou 13 anos para que tal fato ocorresse, passando a ser um marco histórico no Brasil, a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva para Presidente.
Com a vitória veio à esperança de milhões de brasileiros (as), e que agora teriam voz e vez. Não se pode negar que a atual gestão de Lula prioriza com ações mais significativas os mais pobres. Mas a questão central não é essa e sim a política. A pergunta que faço é: será que para governar terá sempre o Presidente de fazer aliança com o que temos de mais atrasado na República? Será que para governar é preciso rebaixar a ética em nome do poder? Será que para governar é preciso abrir mão de princípios históricos? Será que para governar tem que ser feitas trocas, por interesses pessoais e não coletivos? Será que para governar deve-se abrir mão dos interesses republicanos em nomes dos interesses patrimoniais ou oligárquicos? São algumas indagações.
Aqui no Maranhão, desde a proclamação da República, em 1889, ainda não se teve uma gestão do Estado com práticas republicanas, ainda imperar os modelos oligárquicos e patrimonialistas, onde o público se confunde com o privado (particular).
Observa-se que o poder está nas mãos da família Sarney há 42 anos! Sarney ascendeu ao poder em 1966 como governador de estado derrubando Vitorino Freire. De lá para cá, todos os governadores do Maranhão estiveram ligados direta ou indiretamente ao seu poder de influência. Foi senador da ditadura militar de 1970 a 1978. A ditadura indicou Pedro Neiva de Santana governador de 1971 a 1975. A guerra política entre as oligarquias não cessou e Vitorino Freire indicou Nunes Freire governador de 1975 a 1979. Depois a ditadura indicou, com a permissão de Sarney, João Castelo para governador de 1979 a 1982. Luis Rocha foi governador de 1983 a 1987. Em seguida assume Epitácio Cafeteira, que havia sido indicado prefeito de São Luís de 1965 a 1969, indicado pelo então governador Sarney. Cafeteira governa de 1987 a 1990. A democracia e a formação de uma nova ordem global não mudaram a situação política do Maranhão. Sucederam-se no posto de governador João Alberto de Sousa (1990-1991), atual vice-governador do atual mandato biônico. Edison Lobão (1991-1994), fiel aliado da família. Roseana Sarney em eleição flagrantemente fraudada assume em 1994, se reelege em 1998 e governa até 2002. O novo milênio chega e o apetite da família por poder parece que não tem fim.
A partir de 2002, José Reinaldo então vice-governador assume e logo rompe com a oligarquia, governando até 2006 e contribuindo de forma decisiva com a vitória da oposição no mesmo ano. A essa altura a memória do leitor/eleitor não precisa ser mais lembrada pelos fatos históricos, pois dói na alma de cada maranhense o golpe jurídico de estado impetrado pela família para tomar o mandato de Jackson Lago eleito em 2006. Nesse trágico percurso histórico para o povo maranhense assistimos à progressiva concentração fundiária das terras maranhenses, a falta de perspectiva do ponto de vista do desenvolvimento econômico, o analfabetismo crônico da maioria da população, a expulsão de milhares e milhares de trabalhadores maranhenses que se tornam migrantes em busca de condições mais favoráveis de trabalho. A oligarquia concentra também os meios de comunicação.
O fato é que, neste mais 40 anos de domínio da oligarquia Sarney, tão quando foi o sonho de eleger um trabalhador para presidente do Brasil, é chegado o momento de buscar alternativa capaz de tirar o Maranhão como único Estado ainda mandado por uma mesma família. É hora do nosso povo não ter medo de lutar e tornar realidade o ideal de um Estado democrático, livre e soberano. Exemplos na história não faltam de lutas por um mundo melhor, cito-os: a Balaiada, Abolição da escravidão, o fim da ditadura militar, o fim apartheid (separação entre brancos e negros) na África do Sul, a luta por eleições diretas no Brasil...
O PT do Maranhão nasceu tendo como objetivo estratégico a superação de modelos oligárquicos que só mal traz para a população trabalhadora da cidade urbano e rural. Por isso, vejo como suicídio político do Partido dos Trabalhadores do Maranhão uma aliança eleitoral com o PMDB/DEM DA GOVERNADORA ROSEANA SARNEY MURAD E DO SENADOR SARNEY.
Observo que, se a justiça fizesse justiça a Governadora ROSEANA SARNEY MURAD já estava cassada por infidelidade. Assim como o TRE/DF cassou o mandato do Governador corrupto também do DEM, teria que usar a mesma medida no Maranhão. Conforme falam os técnicos do direito “já a uma jurisprudência sobre o caso”.
Lembro com tristeza do nosso Presidente Lula, vindo ao Estado na campanha de 2006, em um comício no município em Timon/MA, pedi votos para candidata do DEM. Mesmo o PT/MA tendo deliberado em apoiar a candidatura de Dr. Jackson Lago (PDT) no segundo turno daquela eleição, já que no primeiro turno o nosso candidato fora o ex-ministro Edson Vidigal, na época do PSB com a companheira Terezinha Fernandes (PT) de Vice. O PT/MA também tinha Bira candidato a Senador, mas Lula preferiu apoiar Cafeteria (PTB). É muita humilhação o que o PT/MA tem passado...
A pergunta que faço ao presidente Lula: qual ainda é o débito com Sarney? O PT/Maranhão não pode exercer sua democracia, sua liberdade para decidir sua tática e política de aliança?
A tese de aliança com o DEM/PMDB liderado pelo Dep. Washington Luiz, Raimundo Monteiro presidente do PT/MA e o Secretário de Estado do Trabalho José Antônio Heluy está ancorada, segundo dizem seus defensores na vontade do Presidente Lula e na defesa do Projeto Nacional. A outro pergunta que faço é: porque esse projeto nacional só pensa em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, os grandes estados da federação e não pensa no Maranhão? Será que vamos morrer lutando, e não conseguiremos ver ou viver um Governo que não seja liderado ou influenciado pela família do Senador Sarney no Maranhão.
Mas uma vez Milton Santos nos aponta o caminho “....a mudança histórica em perspectiva provirá de um movimento de baixo para cima, tendo como atores principais os países subdesenvolvidos e não os países ricos; os deserdados e os pobres e não os opulentes e outras classes obesas; o individuo liberado partícipe das novas massas e não os homens acorrentado...”. Precisamos pensar nosso desenvolvimento a partir do nosso local, do nosso território. Entendo as contradições regionais.
O DEM/PMDB no Maranhão não tem compromisso com as causas dos trabalhadores urbano e rural, com as causas dos negros, dos quilombolas, dos índios, das mulheres, do desenvolvimento sustentável e solidário. Não tem compromisso com as causas populares, e da maioria do povo maranhense.
Portanto, a constituição de dois palanques é a decisão, mas acertada no Estado como defendeu o sociólogo Emir Sader no encontro dos setoriais do PT em SLZ/MA, isso fortalece a base de sustentação da candidatura Dilma. Nesse sentido, a melhor tese é Dilma – Presidente do Brasil (PT), Flávio Dino (PCdoB) - Governador e Bira (PT)-Senador em aliança com os partidos progressistas PSB, PRB, PCB..., sociedade civil organizada e o setor produtivo. Parafraseando o poeta gaúcho Mario Quintana: “Todos estes que aí estão atravancando o nosso caminho, eles passarão... Nós passarinhos!”
Como Administrador, com Especialização em Sociologia das Interpretações do Maranhão (UEMA), Foi Secretário-Adjunto de Estado da Igualdade Racial do Governo Jackson Lago, é Bolsista do Programa Internacional de Pós-Graduação da Fundação Ford. E dirigente do PT/MA.
Quem diria que um dia o Partido dos Trabalhadores seria tão disputado pela oligarquia! Filie-me no PT no auge da primeira campanha do Presidente Lula, era 1989. Tal motivação se deu pelo sonho de um dia tornar possível uma pessoa de origem pobre, um trabalhador das lutas populares, e sem diploma universitário, um intelectual orgânico – tomo aqui o conceito do filósofo italiano Antonio Gramsci -, de chegar ao posto mais alto da República do Brasil. Naquele ano, isso não aconteceu. Demorou 13 anos para que tal fato ocorresse, passando a ser um marco histórico no Brasil, a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva para Presidente.
Com a vitória veio à esperança de milhões de brasileiros (as), e que agora teriam voz e vez. Não se pode negar que a atual gestão de Lula prioriza com ações mais significativas os mais pobres. Mas a questão central não é essa e sim a política. A pergunta que faço é: será que para governar terá sempre o Presidente de fazer aliança com o que temos de mais atrasado na República? Será que para governar é preciso rebaixar a ética em nome do poder? Será que para governar é preciso abrir mão de princípios históricos? Será que para governar tem que ser feitas trocas, por interesses pessoais e não coletivos? Será que para governar deve-se abrir mão dos interesses republicanos em nomes dos interesses patrimoniais ou oligárquicos? São algumas indagações.
Aqui no Maranhão, desde a proclamação da República, em 1889, ainda não se teve uma gestão do Estado com práticas republicanas, ainda imperar os modelos oligárquicos e patrimonialistas, onde o público se confunde com o privado (particular).
Observa-se que o poder está nas mãos da família Sarney há 42 anos! Sarney ascendeu ao poder em 1966 como governador de estado derrubando Vitorino Freire. De lá para cá, todos os governadores do Maranhão estiveram ligados direta ou indiretamente ao seu poder de influência. Foi senador da ditadura militar de 1970 a 1978. A ditadura indicou Pedro Neiva de Santana governador de 1971 a 1975. A guerra política entre as oligarquias não cessou e Vitorino Freire indicou Nunes Freire governador de 1975 a 1979. Depois a ditadura indicou, com a permissão de Sarney, João Castelo para governador de 1979 a 1982. Luis Rocha foi governador de 1983 a 1987. Em seguida assume Epitácio Cafeteira, que havia sido indicado prefeito de São Luís de 1965 a 1969, indicado pelo então governador Sarney. Cafeteira governa de 1987 a 1990. A democracia e a formação de uma nova ordem global não mudaram a situação política do Maranhão. Sucederam-se no posto de governador João Alberto de Sousa (1990-1991), atual vice-governador do atual mandato biônico. Edison Lobão (1991-1994), fiel aliado da família. Roseana Sarney em eleição flagrantemente fraudada assume em 1994, se reelege em 1998 e governa até 2002. O novo milênio chega e o apetite da família por poder parece que não tem fim.
A partir de 2002, José Reinaldo então vice-governador assume e logo rompe com a oligarquia, governando até 2006 e contribuindo de forma decisiva com a vitória da oposição no mesmo ano. A essa altura a memória do leitor/eleitor não precisa ser mais lembrada pelos fatos históricos, pois dói na alma de cada maranhense o golpe jurídico de estado impetrado pela família para tomar o mandato de Jackson Lago eleito em 2006. Nesse trágico percurso histórico para o povo maranhense assistimos à progressiva concentração fundiária das terras maranhenses, a falta de perspectiva do ponto de vista do desenvolvimento econômico, o analfabetismo crônico da maioria da população, a expulsão de milhares e milhares de trabalhadores maranhenses que se tornam migrantes em busca de condições mais favoráveis de trabalho. A oligarquia concentra também os meios de comunicação.
O fato é que, neste mais 40 anos de domínio da oligarquia Sarney, tão quando foi o sonho de eleger um trabalhador para presidente do Brasil, é chegado o momento de buscar alternativa capaz de tirar o Maranhão como único Estado ainda mandado por uma mesma família. É hora do nosso povo não ter medo de lutar e tornar realidade o ideal de um Estado democrático, livre e soberano. Exemplos na história não faltam de lutas por um mundo melhor, cito-os: a Balaiada, Abolição da escravidão, o fim da ditadura militar, o fim apartheid (separação entre brancos e negros) na África do Sul, a luta por eleições diretas no Brasil...
O PT do Maranhão nasceu tendo como objetivo estratégico a superação de modelos oligárquicos que só mal traz para a população trabalhadora da cidade urbano e rural. Por isso, vejo como suicídio político do Partido dos Trabalhadores do Maranhão uma aliança eleitoral com o PMDB/DEM DA GOVERNADORA ROSEANA SARNEY MURAD E DO SENADOR SARNEY.
Observo que, se a justiça fizesse justiça a Governadora ROSEANA SARNEY MURAD já estava cassada por infidelidade. Assim como o TRE/DF cassou o mandato do Governador corrupto também do DEM, teria que usar a mesma medida no Maranhão. Conforme falam os técnicos do direito “já a uma jurisprudência sobre o caso”.
Lembro com tristeza do nosso Presidente Lula, vindo ao Estado na campanha de 2006, em um comício no município em Timon/MA, pedi votos para candidata do DEM. Mesmo o PT/MA tendo deliberado em apoiar a candidatura de Dr. Jackson Lago (PDT) no segundo turno daquela eleição, já que no primeiro turno o nosso candidato fora o ex-ministro Edson Vidigal, na época do PSB com a companheira Terezinha Fernandes (PT) de Vice. O PT/MA também tinha Bira candidato a Senador, mas Lula preferiu apoiar Cafeteria (PTB). É muita humilhação o que o PT/MA tem passado...
A pergunta que faço ao presidente Lula: qual ainda é o débito com Sarney? O PT/Maranhão não pode exercer sua democracia, sua liberdade para decidir sua tática e política de aliança?
A tese de aliança com o DEM/PMDB liderado pelo Dep. Washington Luiz, Raimundo Monteiro presidente do PT/MA e o Secretário de Estado do Trabalho José Antônio Heluy está ancorada, segundo dizem seus defensores na vontade do Presidente Lula e na defesa do Projeto Nacional. A outro pergunta que faço é: porque esse projeto nacional só pensa em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, os grandes estados da federação e não pensa no Maranhão? Será que vamos morrer lutando, e não conseguiremos ver ou viver um Governo que não seja liderado ou influenciado pela família do Senador Sarney no Maranhão.
Mas uma vez Milton Santos nos aponta o caminho “....a mudança histórica em perspectiva provirá de um movimento de baixo para cima, tendo como atores principais os países subdesenvolvidos e não os países ricos; os deserdados e os pobres e não os opulentes e outras classes obesas; o individuo liberado partícipe das novas massas e não os homens acorrentado...”. Precisamos pensar nosso desenvolvimento a partir do nosso local, do nosso território. Entendo as contradições regionais.
O DEM/PMDB no Maranhão não tem compromisso com as causas dos trabalhadores urbano e rural, com as causas dos negros, dos quilombolas, dos índios, das mulheres, do desenvolvimento sustentável e solidário. Não tem compromisso com as causas populares, e da maioria do povo maranhense.
Portanto, a constituição de dois palanques é a decisão, mas acertada no Estado como defendeu o sociólogo Emir Sader no encontro dos setoriais do PT em SLZ/MA, isso fortalece a base de sustentação da candidatura Dilma. Nesse sentido, a melhor tese é Dilma – Presidente do Brasil (PT), Flávio Dino (PCdoB) - Governador e Bira (PT)-Senador em aliança com os partidos progressistas PSB, PRB, PCB..., sociedade civil organizada e o setor produtivo. Parafraseando o poeta gaúcho Mario Quintana: “Todos estes que aí estão atravancando o nosso caminho, eles passarão... Nós passarinhos!”
Como Administrador, com Especialização em Sociologia das Interpretações do Maranhão (UEMA), Foi Secretário-Adjunto de Estado da Igualdade Racial do Governo Jackson Lago, é Bolsista do Programa Internacional de Pós-Graduação da Fundação Ford. E dirigente do PT/MA.
Com foto Felipe Klamt - 2009
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