Com Igor Lago
A Campanha da Legalidade exerceu uma enorme influência na formação política de Jackson Kepler Lago. Como estudante de Medicina, médico e pós-graduando no Rio de Janeiro, participou ativamente dos movimentos estudantis e sociais no final dos anos 50 e início dos anos 60 na “cidade tambor” de nosso país. Era assíduo freqüentador da UNE que, diferentemente da atual, realizava as famosas palestras de personalidades progressistas nacionais e internacionais, hasteava as bandeiras nacionalistas, democráticas e reformadoras ou revolucionárias da época, etc. Tinha admiração e relacionava-se com vários contemporâneos do Partido Comunista Brasileiro, do Partido Socialista Brasileiro e do Partido Trabalhista Brasileiro que, naquela época, tinha no jovem governador gaúcho Leonel de Moura Brizola uma estrela em ascensão no cenário político nacional com as suas políticas de educação pública, reforma agrária e a nacionalização de companhias estrangeiras que emperravam o desenvolvimento daquele estado. Quando da renúncia do presidente conservador Jânio Quadros em 1961, o nosso Jango encontrava-se no outro lado do planeta em visita oficial. Não queriam dar posse ao sucessor político de Getúlio Vargas que, eleito pela segunda vez vice-presidente do país, tinha o seu direito garantido pela Constituição. Não fosse o movimento cívico desencadeado pelo governador gaúcho, o golpe cívico-militar, frustrado em 54 e exitoso em 64, seria em 61! A Campanha da Legalidade influenciou a todos, especialmente aqueles envolvidos com os movimentos sociais, políticos e culturais em plena efervescência no país. O governo Goulart que, diga-se de passagem, gozava de grande popularidade e estava determinado a implementar as reformas de base (as quais ainda tanto precisamos!), marcou profundamente a sua geração. Ele se orgulhava ao falar que participou do Comício da Central do Brasil no dia 13 de março, ouvindo o Arraes, o Brizola e o Jango. Acho que foi o Comício de sua vida! Depois, veio o golpe. Terminou sua pós-graduação em Cirurgia Torácica e voltou a São Luis, onde implantou um dos primeiros serviços de cirurgia torácica no nordeste do país. Logo em 1967, foi secretário de saúde do município de São Luis, a convite do então prefeito Epitácio Cafeteira que, numa manifestação de rebeldia da ilha de São Luis, derrotara aos três candidatos do jovem governador conservador José Sarney. Desenvolveu a rede de saúde na cidade levando os serviços até a periferia. Em 1974, foi eleito o deputado estadual mais votado pelo MDB (mandato que dedicou à luta dos trabalhadores rurais de nosso estado e à luta pela Anistia) e, em 1978, obteve a primeira suplência de deputado federal com grande suspeita de ter seu mandato frustrado por manobras de apuração afeitas à oligarquia maranhense.
Visitou o líder maranhense Neiva Moreira no exílio, quem lhe passava notícias do Brizola, do Jango e de outros companheiros trabalhistas. Nesse espaço de tempo, tornou-se professor da Faculdade de Medicina no Maranhão e médico cirurgião de notória dedicação ao desenvolvimento dos serviços públicos. Em 1979, lembro de sua alegria ao viajar a Lisboa para participar do Encontro dos Trabalhistas no exílio. Voltou emocionado e inspirado pela liderança daquele que considerava um dos maiores homens públicos da história brasileira. Também tinha uma devoção especial ao Cavaleiro da Esperança, o saudoso Luis Carlos Prestes. Foi um dos primeiros signatários da fundação do PTB e, depois, do PDT. Enfrentou várias derrotas eleitorais, tais como a de 1976 para prefeito de Bacabal, as de 1978, 1982 e 1986 para deputado federal (nesta última foi o quinto mais votado, porém, o PDT não fez o quociente eleitoral!), a de 1985 para prefeito de São Luis, as de 1994, 2002(nesta lhe tiraram a chance de disputar o segundo turno por manobras de tapetão judiciário!) e 2010 para governador (esta marcadamente influenciada pela utilização do projeto Ficha Limpa pela oligarquia e seus dissidentes!). Foi secretário de saúde no governo Cafeteira entre 1987 e 1988 com atuação nas conferências pela formação do SUS. Mas, também, colheu vitórias eleitorais, tais como a de 1988, 1996 e 2000 para prefeito de São Luis e, em 2006, para governador. Infelizmente, cassaram-lhe injustamente o seu mandato sob a alegação de abuso de poder político e econômico contra a candidata dos Sarney. Estava fazendo uma verdadeira mudança nos rumos do estado, o que atiçou os instintos de sobrevivência da oligarquia.
Seja como deputado estadual, prefeito ou governador, sempre se notabilizou pelo bom senso, pela honradez e pelo alto sentido do servir aos interesses públicos. Ainda nos seus últimos dias da última campanha, pude testemunhar momento de emoção nos seus olhos quando um popular lhe falou que “se o Brizola fosse vivo, jamais lhe teriam tirado o mandato”. Nas lágrimas salientes de seus olhos, vi a certeza de sua saudade daquele líder que se dedicou a mudar o Brasil.
Como Presidente Estadual do PDT do Maranhão
Nenhum comentário:
Postar um comentário