SENHOR DOS PORÕES

Com Felipe Klamt

Quase passou despercebida a matéria da coluna Estado Maior, do jornal da família Sarney, publicada nesta terça, falando da entrevista do militante de esquerda Flávio Tavares no programa Documento, da Globo News, sobre o golpe militar e a sua convivência com o jornalista Neiva Moreira e o político Leonel Brizola.

Afirma o da esquerda Trindade que havia a intenção de implantação do “tribunal revolucionário” pelos dois políticos exilados no Uruguai, com ambos de acordo sobre a solução por meio da “justiça sumária” somente divergindo no grau de radicalismo.

O mais lamentável do escrito pelo anônimo responsável da coluna Maior está na conclusão que o entrevistado “deixa no ar a impressão de a lista de candidatos ao pelotão de fuzilamento organizada por Neiva era bem mais diversificada e numerosa do que a do Brizola”.

Para terminar de denegrir o quase centenário inimigo da família Sarney, a nota afirma que Neiva Moreira “não vacilaria em mandar fuzilar dezenas, centenas e, quem sabe, milhares de inimigos da revolução”.

Todos estes fatos podem ser verídicos, havia uma guerra em curso, de um lado os coturnos da direita radical, no outro os socialistas com pensamento e decisões do comunismo feroz. Era um grupo tomando o poder do outro na marra. E para o povo nada.

A grande questão fica em torno da famosa lista dos que deveriam e foram perseguidos, caçados e mortos no Brasil e principalmente do Maranhão.

Poderíamos afirmar ou sempre ficou no ar a impressão que o maior elaborador desta lista no Maranhão foi o José Sarney?

Fica a certeza da vontade do então deputado que queria ser governador e entregou sem a menor culpa o seu destino político aos militares da tortura, fica a dúvida de quantos foram entregues por ele aos porões?

Os maranhenses que viveram o período de exceção têm à lembrança da artimanha para prender o jornalista Ribamar Bogéa, o combativo Zé Pequeno. Ele não pode afirmar esta história, por sorte ficaram seus filhos na lida diária do denunciar os algozes dos idealistas.