Com JM Cunha Santos
Uma Audiência Pública realizada há poucos dias alimenta um debate muito interessante na Assembléia Legislativa do Maranhão. Um debate que hoje que é do Brasil.
Defendendo a municipalização do sistema prisional e da execução da pena, o deputado Rubens Júnior criticou com veemência a construção de dois novos presídios, em Bacabal e Pinheiro, ao custo de R$ 5 milhões cada um, com capacidade, os dois, para 300 presos. Júnior acredita que aplicados em pequenas penitenciárias estes recursos bastariam para abrir 3 mil vagas no sistema penitenciário, 10 vezes mais.
Alguns cálculos feitos pelo parlamentar são sintomáticos. Um preso custa aos cofres do estado R$ 1600 mensais; um aluno do Fundeb custa R$ 2.000,00 por ano. A alimentação diária de um detento sai ao custo de R$ 3,5; a merenda escolar de um aluno custa de 0,19 a 0,22 centavos.
O deputado acha que o propósito da ressocialização não existe no Brasil, visto que a reincidência oscila em torno de 70 % dos presos.
A municipalização da execução da pena, com a construção de penitenciárias com capacidade para 60 ou 90 presos no máximo, seria a saída. Segundo Rubens Júnior, uma única cela custa em torno de R$ 30.000,00 quando uma casa popular financiada pela CEF sai por 8 ou 10 mil reais.
Entre os críticos da idéia, há os que consideram difícil estruturar a municipalização, aumentando a autonomia e o poder de polícia das guardas municipais em todos os 5.000 municípios do país; e há os que temem a politização das penas em cidades do interior. Exemplo: no município de Bom Lugar, um preso foi candidato a prefeito, segundo o Blog de Itevaldo Júnior.
Para o especialista em políticas públicas Sérgio Ricardo de França Coelho, entretanto, existe um meio termo para a operacionalização do sistema carcerário. Ele acha que descentralizar o sistema não implica necessariamente em transferir a responsabilidade da segurança para os municípios. A seu modo de ver, outras estruturas do aparelho de justiça e segurança, como Febens e até juizados especiais criminais devem ser descentralizadas.
O presidente da Assembléia Legislativa, Marcelo Tavares, também defensor da humanização do sistema penitenciário, não acredita em seu pleno funcionamento enquanto ele for administrado pelos órgãos de repressão. Marcelo é adepto da existência de duas secretarias, a de Segurança Pública e a Secretaria de Justiça. “O sistema repressor não tem capacidade de recuperar presos. Um Estado que adote unicamente a repressão só vai contribuir para o aumento da criminalidade”, afirmou.
No Maranhão, juízes como Douglas Martins, Roberto de Paula e José Costa, defendem a municipalização do sistema prisional e da execução penal. Como Rubens Júnior, eles acreditam que a solução está na construção de uma unidade prisional em cada comarca.
O debate promete e pretendemos ouvir os responsáveis pela segurança pública no Maranhão sobre o assunto.
Imagem com site Live
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