Com Davi Telles
Houve uma época recente em que os veículos de mídia do grupo Sarney direcionavam diuturnamente suas metralhadoras para Jackson Lago. A ordem era fazer de tudo para evitar a percepção da diferença de um modelo para outro.
Atirando sem parar, a imagem de Jackson, em âmbito estadual, seria dissociada da ideia de novidade, de rompimento com os métodos arcaicos do sarneísmo. Acusado dia e noite, o governador eleito em 2006, segundo esta lógica, mergulharia na vala comum dos políticos desonestos.
Há um detalhe importante, entretanto: Jackson Lago não é desonesto. Por mais que se tenha feito um esforço enorme para envolvê-lo em escândalos, o cidadão Jackson, verdade irretocável, vive de sua aposentadoria de médico, sem luxo.
Como todos sabem, nutre invulgar estima pela honra, se orgulhando de ter sido prefeito da capital três vezes, governador do Maranhão por mais de dois anos, e não ter acumulado nenhuma riqueza oriunda do erário. Seu patrimônio é esse: a altivez dos homens públicos que não furtam o dinheiro do povo.
O empreendimento da mídia de José Sarney, portanto, não tinha como obter sucesso. Jackson Lago continua sendo tido pela população como honesto.
Descuidou, contudo, de seu outro grande patrimônio: a liderança na sua Ilha Rebelde. Não crendo no golpe que o ejetaria do cargo, imaginou poder dar atenção suficiente a São Luís nos últimos dois anos de mandato. Não houve tempo para isso.
Se mantivesse estes dois fundamentos intactos – a imagem de político honesto conjugada à aprovação popular em São Luís – dificilmente seria derrotado nas próximas eleições, mesmo lutando contra a força da máquina administrativa novamente pilotada por Roseana Sarney. Principalmente em razão de hoje ser quase uma unanimidade na região tocantina. O ex-governador, poucos da capital sabem, goza de adoração em Imperatriz e cidades vizinhas.
Ocorre que, hoje, a população de São Luís tem substancial rejeição ao nome de Jackson Lago. Uma campanha bem elaborada, se valendo do recall de um ex-prefeito três vezes eleito, no entanto, poderá, em grande medida, reverter essa atual rejeição.
A natureza dos povos, como ensinou Maquiavel, é lábil, lembremos bem. A rejeição de hoje se transforma em aprovação amanhã, na comparação das imagens televisivas.
Tudo dependerá da competência – ou ausência dela – de Jackson em lembrar ao povo ludovicense, durante a campanha, dos seus feitos na cidade.
Não conseguindo reconquistar a Ilha, porém, será impossível alcançar novamente o cargo que lhe foi tomado.
As metralhadoras sarneístas, esse é o fato, não estão mais, pelo menos neste momento, apontadas para Jackson. A artilharia se concentra em Flávio Dino. O grupo Sarney estaria convencido de que o ex-governador não é mais o problema para seu domínio, mas sim o deputado federal do PCdoB.
Entre alguns outros fatores, há um dado perturbador. Desde o final do ano passado, as pesquisas qualitativas – instrumento sem o qual não se faz mais nada na política do século 21 – apontam um enorme percentual de eleitores desejando o “novo”.
Por novo, entenda-se nem Sarney, nem Jackson.
Munida destes recorrentes apontamentos, a cúpula do grupo Sarney teria inaugurado nova estratégia: o alvo agora seria Flávio. Pela leitura do jornal da família, e do portal do seu sistema de comunicação na internet, pode-se concluir haver não somente metralhadoras, mas todo um aparato de guerra.
O tal percentual perturbador giraria em torno de 60%, algo suficiente para eleger um governador em primeiro turno, com folga.
Some-se a isso, o apoio formal do partido do presidente mais popular da História. O resultado, para quem entende de política, como o senador Sarney, é inevitável: Flávio Dino seria o novo governador do estado.
Daí se torna fácil entender o porquê do interesse em retirar o PT da coligação do ex-juiz federal. A preocupação, mais do que levar o PT para a coligação roseanista, passa a ser tirá-lo da coligação flavista.
Essa combinação seria explosiva: o “novo”, o PT de Lula, tempo de televisão, um perfil brilhante e a honestidade tão temida por Sarney e alvejada nos tempos da guerra a Jackson.
Por isso a nova guerra contra Dino. Por isso a trégua a Jackson.
Como advogado, Mestre em Direito Social pela Faculdade de Direito da Universidade Sorbonne, Paris
Atirando sem parar, a imagem de Jackson, em âmbito estadual, seria dissociada da ideia de novidade, de rompimento com os métodos arcaicos do sarneísmo. Acusado dia e noite, o governador eleito em 2006, segundo esta lógica, mergulharia na vala comum dos políticos desonestos.
Há um detalhe importante, entretanto: Jackson Lago não é desonesto. Por mais que se tenha feito um esforço enorme para envolvê-lo em escândalos, o cidadão Jackson, verdade irretocável, vive de sua aposentadoria de médico, sem luxo.
Como todos sabem, nutre invulgar estima pela honra, se orgulhando de ter sido prefeito da capital três vezes, governador do Maranhão por mais de dois anos, e não ter acumulado nenhuma riqueza oriunda do erário. Seu patrimônio é esse: a altivez dos homens públicos que não furtam o dinheiro do povo.
O empreendimento da mídia de José Sarney, portanto, não tinha como obter sucesso. Jackson Lago continua sendo tido pela população como honesto.
Descuidou, contudo, de seu outro grande patrimônio: a liderança na sua Ilha Rebelde. Não crendo no golpe que o ejetaria do cargo, imaginou poder dar atenção suficiente a São Luís nos últimos dois anos de mandato. Não houve tempo para isso.
Se mantivesse estes dois fundamentos intactos – a imagem de político honesto conjugada à aprovação popular em São Luís – dificilmente seria derrotado nas próximas eleições, mesmo lutando contra a força da máquina administrativa novamente pilotada por Roseana Sarney. Principalmente em razão de hoje ser quase uma unanimidade na região tocantina. O ex-governador, poucos da capital sabem, goza de adoração em Imperatriz e cidades vizinhas.
Ocorre que, hoje, a população de São Luís tem substancial rejeição ao nome de Jackson Lago. Uma campanha bem elaborada, se valendo do recall de um ex-prefeito três vezes eleito, no entanto, poderá, em grande medida, reverter essa atual rejeição.
A natureza dos povos, como ensinou Maquiavel, é lábil, lembremos bem. A rejeição de hoje se transforma em aprovação amanhã, na comparação das imagens televisivas.
Tudo dependerá da competência – ou ausência dela – de Jackson em lembrar ao povo ludovicense, durante a campanha, dos seus feitos na cidade.
Não conseguindo reconquistar a Ilha, porém, será impossível alcançar novamente o cargo que lhe foi tomado.
As metralhadoras sarneístas, esse é o fato, não estão mais, pelo menos neste momento, apontadas para Jackson. A artilharia se concentra em Flávio Dino. O grupo Sarney estaria convencido de que o ex-governador não é mais o problema para seu domínio, mas sim o deputado federal do PCdoB.
Entre alguns outros fatores, há um dado perturbador. Desde o final do ano passado, as pesquisas qualitativas – instrumento sem o qual não se faz mais nada na política do século 21 – apontam um enorme percentual de eleitores desejando o “novo”.
Por novo, entenda-se nem Sarney, nem Jackson.
Munida destes recorrentes apontamentos, a cúpula do grupo Sarney teria inaugurado nova estratégia: o alvo agora seria Flávio. Pela leitura do jornal da família, e do portal do seu sistema de comunicação na internet, pode-se concluir haver não somente metralhadoras, mas todo um aparato de guerra.
O tal percentual perturbador giraria em torno de 60%, algo suficiente para eleger um governador em primeiro turno, com folga.
Some-se a isso, o apoio formal do partido do presidente mais popular da História. O resultado, para quem entende de política, como o senador Sarney, é inevitável: Flávio Dino seria o novo governador do estado.
Daí se torna fácil entender o porquê do interesse em retirar o PT da coligação do ex-juiz federal. A preocupação, mais do que levar o PT para a coligação roseanista, passa a ser tirá-lo da coligação flavista.
Essa combinação seria explosiva: o “novo”, o PT de Lula, tempo de televisão, um perfil brilhante e a honestidade tão temida por Sarney e alvejada nos tempos da guerra a Jackson.
Por isso a nova guerra contra Dino. Por isso a trégua a Jackson.
Como advogado, Mestre em Direito Social pela Faculdade de Direito da Universidade Sorbonne, Paris
Com foto Felipe Klamt
Um comentário:
Sejamos bem claros, a candidatura de Dino só ameaça a realização do segundo turno, que se acontecer nem vai ser disputado por ele e sim po Roseana e Jackson. Então, não vamos encher demais a bola do comunista que ele não tem condições de vencer as eleições.
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