quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

ACORDEI EM 2010

Com Felipe Klamt

Seu menino. Tive um sonho agoniado, suado, estava em um lugar estranho.

Tinha um portão com uma placa anunciando que eu adentrava em Trucussu do Norte, terra de ninguém, feito para quem não tem atento, sem respeito pelo dos outros.

Logo na entrada, fazendo às vezes de porteiro estava uma figura que gosta de ser conhecido como o dono de todos, por enquanto, ganhou esta função devido a uma cunhabilidade.

O local tinha um cheiro forte, parecido com lama fervida. Quem sabe poderia ser aquele produto de sedimento líquido com aparência de borra muito reconhecida por especialistas barbudos. Se pudesse voltaria da porta, que inhaca.

De repente me assustei com um monte de socialista saindo assustados de um castelo, era uma carreira de louco para fugir de promessas de campanha. Isto é o que acontece quando companheiro quer ter bico grande para enfiar onde não deve.

Como em um passe de mágica estava no meio de uma passeata, gritando palavras de ordem, indignado com uma armação que tinha um bigodão e um cabeção sufocado por uma barba nojenta para dar um palácio a uma Branca. Observei que não era a de neve.

Era uma situação estranha, os protestantes utilizavam balaios para defender-se de nuvens negras que transpassava os corpos dos legítimos. Parecia mandinga braba.

Antes de mudar a imagem, ainda escutei um forte som de tambores.

Fez um clarão. Como eu gostaria de acordar neste momento. Olhei para frente e tinha milhares de televisores repetindo a mesma notícia de desenvolvimento empresarial. Assistia aquela peta engenhosa, sufocado, querendo denunciar o plágio da turma de ocupação.

Parecia que não conseguiria sair daquele inferno, eram gritos vindos dos aparelhos dizendo que tínhamos segurança, ao mesmo tempo aparecia um monte de gente sendo roubada, que o povo não teria mais doenças e surgiam milhares de doentes querendo encontrar hospitais imaginários.

Os meus pés estavam enlameados, sentia náuseas daquele cheiro e minha cabeça parecia rodar com tanta maldade. Conseguia ver e identificar os maldosos perturbadores do meu sagrado repouso, como eles divertiam-se.

Comecei andar bem rápido, tentava sair daquele turbilhão de imagens ruins e de repente consegui abrir os meus olhos. Estava no ano de 2010.

Ainda bem que foi somente um pesadelo. Será?

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

MATINÊ DO LULA

Com Felipe Klamt

Perguntar não ofende....

"Ué... Vão cobrar ingresso no filme do Lula? O horário eleitoral não é gratuito? "
Com imagem Orio de Janeiro

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

EU QUERO NO NATAL

Com Felipe Klamt

A figura mais procurada neste período é o Papai Noel. Imaginem a pressão para o bom velhinho.

Normalmente fazemos uma cartinha pedindo novos presentes, aquilo que não temos e sempre desejamos. Não é verdade?

Comecei a fazer a minha lista para enviar por meio do correio a terra do Noel, pensei em pedir um computador novo, mas, verifiquei que o atual ainda serve para escrever sobre os fatos do Maranhão, quem sabe uma máquina fotográfica mais moderna seria a melhor pedida, olhando para ela conclui que a minha velha companheira ainda vai registrar muitas “coisas”.

Achei que neste Natal passaria sem ter o que pedir. Tenho um pouco de tudo e nada estava fazendo falta. Que engano.

Descobri que na verdade gostaria de recuperar o que foi roubado do nosso povo e dentro das possibilidades o treno natalino levaria embora esta turma que ocupa novamente um espaço que nunca, jamais, pertenceu a eles.


O verdadeiro barba branca poderia devolver os direitos básicos dos maranhenses, como votar nos seus representantes sem ver as armações com um ministro barbudo para tomar o poder, não deixar os nossos recursos serem surrupiados e quem sabe dar um pito no outro barbudo que vem dentro das nossas casas para dizer que somos uns tipos de qualidade, digamos, boiantes.

Desisti de pedir, vendo o tamanho da lista que estes larápios dos sonhos de liberdade carregaram de cada pessoa digna desta terra. Melhor continuar enfrentando para conquistarmos os nossos direitos.

Mesmo com a nossa população sem a sua alimentação diária, necessitando de saúde, procurando segurança e com as nossas crianças morando em casas de palha temos o direito de viver as emoções do Natal.


Talvez Papai Noel não consiga devolver estes sonhos. A missão deve ser para seres superiores. Então, vamos unir as nossas mãos, orar, confraternizar e desejar um Feliz Natal.

Com imagem site Baboseira

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

MARCELO - BOM DE BRIGA

Com Felipe Klamt

Estava demorando. Faltava somente o Marcelo Tavares.


Tem todo tipo atacando, deputado que faz a serventia da Branca, jornalistas que não conseguiram receber o jabá por fora, blogueiros recebendo da tropa de ocupação e agora presidente de poder fazendo graça para ter mais uma pontinha na imprensa.

Insistem na utilização dos servidores da Casa do Povo para denegrirem a gestão do Marcelo Tavares, que eu saiba houve dois aumentos no contracheque e não apareceu um esquema de contrato para ser denunciado. Ainda teve a palhaçada de um partido que não conseguiu espaço e fica prometendo vingança.

A discussão de quem iria ocupar o antigo prédio da assembléia começou no governo do Jackson Lago. Exatamente o presidente Isaias Pereirinha disputava com os Conselhos Estaduais a ocupação do espaço, desistiu quando descobriu que o executivo estadual jamais pagaria a reforma e a compra dos equipamentos. Esperto, não?

Que esta turma fina, astuciosa e malandra está prestando serviço ao grupo que sempre utilizou a verba do legislativo para seus esquemas, isto, ninguém tem dúvida.

Agora, achar que o deputado Marcelo Tavares e seu grupo político vão ficar quietos com mais esta armação, isto, podem esquecer.

Com foto Felipe Klamt - Encontro Estadual do PC do B - 2009

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

ESPANDONGAR A CORTE

Sem broncas

Com a Coluna O Estado Maior

Errou feio quem apostou que a eleição do novo presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) agitaria o Pleno do Tribunal de Justiça (TJ). A tensão que dominou a sessão foi quase imperceptível, tendo os desembargadores Raimundo Cutrim e Nelma Sarney mantido a liturgia do bom comportamento. Nenhum dos dois levantou qualquer óbice ao pleito.
Com broncas
Com Felipe Klamt
Não estou preocupado como a família Sarney, leia-se Nelma e Ronald, esta pensando em dar o troco aos da família Cutrim. A posição de presidente do TRE era fundamental para pressionar os políticos, principalmente os prefeitos, a continuar dizer “Sim Senhora” minha Branca e para comandarem as maracutaias nas eleições de 2010.

Sabemos da preferência deste povo em comer no prato frio, que as futuras notícias sobre a família Cutrim, mesmo que sejam verdades, devem ser lidas como a mais pura vingança pela ousadia, deboche, cara-de-pau, atrevimento, coragem.............

Em terem atrapalhado os planos da família.

domingo, 13 de dezembro de 2009

ESCULHAMBAÇÃO COM FEIJOADA


Com Felipe Klamt

Como esta terra está uma esculhambação nada melhor que chamar o Seu Gomes para fazer uma feijoada.

Prato apetitoso que entra de tudo, de vez em quando o suor de quem prepara o cozido. Para muitos este é um prato espetacular, talvez eles não saibam o que vai dentro. Haja gordura e como demora para ficar pronto. Tempo certo para escrever mais cartinha para a caríssima amiga.

Dependendo do tamanho do caldeirão talvez seja preciso chamar mais de 999 homens para dar uma mexidinha e misturar os ingredientes participantes, quem esta por cima vai para baixo, uma verdadeira suruba para saber quem vai ser bem servido primeiro.

As opiniões de como fazer a iguaria vão continuar, cada um quer comer ao seu gosto. Tipo uma joelhada a mais, um rabo preso e bem torcido, pode-se colocar até mais de um pé, dependendo da força em que é empurrado no espaço já preenchido do panelão. E o bicho continua borbulhando.

Sabemos que o paladar é muito importante na aceitação de uma boa comida, o que não dizer do olfato que atrai os gulosos, nesta preparação a turma da cozinha já tem um expert barbudo que sente o cheiro da coisa a distância. Principalmente se tiver muito povo por perto cheirando mal.

O importante é deixar o narigudo ir embora sem identificar a origem do mal cheiro, quem sabe dando umas cachacinhas entope as narinas e desrregula de vez para manter tanta maluquice. E olha que ele citou uma palavrinha sobre os pedintes companheiros do Maranhão.

De vez em quando aparece um ossinho para prejudicar uma ponte dentária, neste caso foi identificado o autor da obra, com a vantagem que nem precisa inaugurar novamente a restauração. Se bem que caso a feijoada não fique apetitosa dizem que os erros destes cozinheiros serão menores de outros que já estiveram na quentura da panela.

Parece que o escolhido foi o feijão preto, que juntos criam uma irmandade, somente espera-se que a qualidade nomeada não seja secreta, neste caso o produto será tipo made in Brasília. Apesar de que as toxinas encontradas nos ingredientes possam ser mais ativos, problema menor para à saúde com tanto remédio e recursos indo privada abaixo.

Problema maior poderá acontecer com a falta de segurança na fila dos comedores que neste momento já está de perder de vista, mesmo sendo um caldeirão grande, sem miséria na hora de acrescentar mais um ingrediente para satisfazer uma boquinha amiga e literalmente doado pelo povo. O detalhe mais importante é que a classe popular não vai degustar nem o caldinho.

Pelas conversas, parece que não vai faltar lenha neste cozimento, o problema desta turma de ocupação culinária vai ser segurar o trio da vigilância sanitária formada pelo Marcelo Tavares, o Rubens Júnior e o Edivaldo Holanda que não aceitam ser convidados para esta mesa e querem ver como vai ser cozido este chouriço pago pelo povo que vive boiando.

Com imagem site Palavras Sussuradas

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

SAMUEL - ELE FOI CHAMADO

Com Felipe Klamt

Quem fala, encanta

De repente as pessoas começaram a fazer silêncio. Algo os atraia.
Parecia que uma metralhadora soltava palavras, que todos os fatos iriam ser finalmente relatados naquele momento.

Assistia, quieto, no final do salão, aquela transformação de participação. Era o dia da posse dos primeiros membros do Cejovem. Um marco histórico para esta geração.

Apesar de não ter sido convidado oficialmente, estava citado com carinho naquele riscado, traduzido no discurso que marcaria a conquista dos movimentos jovens do Maranhão.

Quem estava com o poder da palavra naquele momento era o Samuel, menino jovem do sertão, com seu terno acompanhado de uma gravata vermelha que dava um aspecto senhorio misturado a uma vontade revolucionária de ser.

A verdade é que aquela cerimônia não refletia a história daquele jovem. Na verdade, este determinado conquistador de espaços estava muito antes na multidão que participava da Caravana da Juventude. O interessante é que entre tantos, conseguia demonstrar a sua liderança e eu, novamente, somente observando.

Sabemos que a luta leva os decididos a conquista de espaços. Recebi a notícia que esta figura de grande capacidade está gestor público. Nada mais justo.

Lembro ao abnegado parceiro que os papéis inverteram, o cobrador de políticas vai ser cobrado.

Mais do que isto, este cargo vem com uma representatividade, a da juventude. Os olhos deste movimento estão preparados para julgar, os ouvidos para saberem das atitudes e as bocas para formarem as opiniões.

Acredito que ele vai descobrir que o segmento de juventude não está como o mais complicado, quando ele sentir o peso da cadeira em estar negociando com os profissionais que cuidam da assistência social é que vai amadurecer como dirigente. Eles sabem como devem ser aplicadas as políticas públicas.

Para não alongar, quem vai para o teste é ele. Que seja camarada, que não perca a sua essência.

Eu, bem, continuarei no fundo do salão para quando ele precisar novamente do amigo.

Com o pensamento em Samuel Bastos de Coelho Neto - MA

VAMOS DE PAULO CÉSAR CARBONARI

DIREITOS HUMANOS E AMBIENTE NATURAL

Com Paulo César Carbonari

A Declaração Universal dos Direitos Humanos, promulgada pelas Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948, completa 61 anos com um desafio que, mesmo não sendo novo, talvez seja o maior dos últimos tempos: conjugar direitos humanos com direito ao ambiente natural sadio e sustentável. Coincidentemente, o aniversário da Declaração ocorre no mesmo período da realização da Conferência Mundial sobre Clima, em Copenhague.

Os chefes dos países do mundo se encontram, sob os auspícios da mesma ONU que proclamou os direitos humanos como sendo universais, indivisíveis e interdependentes, para discutir um acordo mundial que permita enfrentar os desafios dos desequilíbrios ambientais decorrentes do aquecimento global. Fazer acordo sobre metas para redução da emissão de gás carbônico, que se espera seja um resultado efetivo da Conferência, é só uma parte, mesmo que difícil, do desafio que precisa ser enfrentado, não mais somente para preservar e proteger a diversidade dos seres vivos do ambiente natural. Neste sentido, refletir sobre direitos humanos neste contexto é, acima de tudo, dizer com ênfase que, se não houver atitudes e compromissos consistentes e factíveis que viabilizem novas atitudes e novos rumos no processo de desenvolvimento no mundo, em algumas décadas teremos que nos reunir para, ironicamente, refletir sobre como preservar os humanos, dado que é direta a relação de proporção entre o aumento da destruição do meio ambiente e a precarização e inviabilização da realização dos direitos humanos.

Franz Hinkelammert, filósofo e teólogo, construiu uma metáfora forte para dizer das consequências da falta de atenção para estas questões, sobretudo numa sociedade centrada no produtivismo, na competição e no consumismo. Ele diz: “Estamos como dois competidores que estão sentados cada um sobre um galho de uma árvore, cortando-o. O mais eficiente será aquele que conseguir cortar primeiro, com maior rapidez, o galho sobre o qual está sentado. Cairá primeiro, mesmo que tenha ganho a corrida pela eficiência” (1995, p. 274). Mesmo que o fim que move o corte do galho seja bom (produzir lenha para aquecer a humanidade, por exemplo), o fato é que fazê-lo no contexto descrito é produzir o mal. Assim que, acima de tudo, está em jogo enfrentar a lógica meio-fim que a tudo submete aos interesses da eficiência e da eficácia. Continuar assim é confirmar que, em quatro décadas, teremos um bilhão de pessoas que terão deixado suas casas, forçadas a se tornarem refugiados do clima, como prevê a Organização Internacional para a Migração (OIM), em relatório divulgado esta semana.

Recentemente o Prêmio Nobel da Paz, Perez Esquivel, em entrevista publicada pela Revista Veja, enfatizou que o desafio do século XXI é exatamente compatibilizar os direitos humanos com a proteção e preservação do meio ambiente. Inclusive propôs que crimes ambientais venham a ser julgados pelos mesmos tribunais encarregados pelo julgamento de crimes contra a humanidade. O argumento é forte: crimes ambientais inviabilizam, além da vida natural, a vida humana, são crimes contra a humanidade.

Diante disso, o desafio do Dia Mundial dos Direitos Humanos é exatamente mobilizar consciências e corações para compreender que o direito ao ambiente natural sadio e sustentável é parte dos direitos humanos e que, a não garantia deste direito compromete a realização do conjunto dos direitos humanos. Está em jogo, portanto, convencer cada vez mais pessoas para que construam uma nova ética, uma “nova casa” comum, novas relações entre os humanos e destes com o ambiente natural. Isso de tal forma a produzir uma nova cultura na qual a dignidade da vida não possa ser subjugada a qualquer tipo de interesse, por mais aparentemente bom que seja. Este haveria de ser o compromisso de todos quantos entendemos que sem ambiente natural não há direitos humanos e que, sem direitos humanos, de nada adianta preservar o ambiente natural.

Como Professor de filosofia no IFIBE, defensor de direitos humanos na CDHPF e MNDH.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

VAMOS DE MHÁRION LINCOLN - CADÊ A MINHA HISTÓRIA?

Com Mhário Lincoln

“Exu intercedei junto a Olódùmarè e lhe peça para abrir os olhos de quem nos governa. São Jorge, Ogum, sejam flecheiros da bemquerença e tirem o floco de neve do pezinho da formiguinha…...”


ALÔ AMIGOS, estou em São Luís-Ma. Uma vida literária e folclórica intensa. Aqui, revejo amigos de infância, colegas de formatura e amigos do jornal e tv. Sinto-me verdadeiramente em casa. Só fico triste quando vejo a mesma coisa de anos acontecerem neste pedaço de terra. Nada ou pouca coisa realmente mudou: o mar belisca cada vez mais fundo a calçada da avenida litorânea sem manutenção. O cheiro da Lagoa da Jansen ainda se entranha na beleza verde do local. Poucas luzes iluminam o Centro-Patrimônio Histórico da Humanidade. Nas avenidas, algumas cópias de longos pedaços da lua-cheia. Os monumentos históricos pichados, abandonados ou retirados. Ei, onde está a velha Athenas Brasileira? O busto de Maria Firmina?

Faltou por 1 dia inteiro água no prédio onde fico. Luz, essa vez por outra me faz lembrar as serenatas ao luar que fazia quando jovem. O atendimento profissional é de provocar dor-de-cabeça. Lembrei da cuspalhada de um motorista de taxi desavisado pela janela afora, indo o cuspe amealhar-se no paletó de riscado de um Diplomata Suiço em visita ao Estado.

Vi a solidão sombria do mendigo à porta da igreja, estendendo a mão sem retorno. Do bêbado implorando o cigarro à porta de um bar da moda. O doente imolando-se na ferida da perna: “uma esmola pelo amor de Deus”.

De longe olhei Mario Fantasma vestido com a camisa do Sampaio, calção e meiões do Moto Clube e boné do MAC, os principais times de futebol da capital. Ainda parei para ouvir os clamores de um ex-jogador, aleijado, brigando na esquina por nossos destroçados times de futebol. Por onde andam Hamilton, Baezinho, o grande meia Rosclin, Raimundinho, o goleiro Marcial, o inesquecível Cabecinha que fez 26 gols enquanto estava no Sampaio Correia Futebol Clube e tantos outros que a história trazida pelo sopro do vento, no canto da viração, nos faz lembrar? Bem que poderiam estar em alma pendurados nas paredes de concreto do Panteon Bandeira Tribuzzi, enterrado nos confins da Praia da Ponta D’areia. O Castelão não tem mais o urro do boi tricolor ou vermelho-e-preto num dos maiores clássicos que o Nodeste já assistiu jogar.

Revi a prostituta sentada horas à fio na calçada da fama. E meus pés afundavam no fétido esgoto a céu aberto, lépido, correndo em busca do mar, à frente. Procura-se uma praia para tomar banho de água salgada. Salgada! Minha escolha foi única: mergulhar entre um aviso e outro de Impróprio para Banho.E de lá, vindo do único mergulho a que a coragem me submeteu, vi, ainda, um rapaz urinando debaixo do coqueiro para adubar a planta. Já na avenida, um carro de placa especial pára no estacionamento de deficientes, enquanto o cadeirante verdadeiro é carregado por boas almas, a fim de superar o intransponível meio-fio.

O sol, esse em toda época do ano, não cansa de enganar ratificando que no Maranhão “até o Céu Mente”, do saudoso Padre Antonio Vieira em seu Sermão aos Peixes. De repente tudo escurece e cai um pé d’água daqueles. Então é um tal de pular poça aqui, driblar enxurrada acolá, bueiros entupidos pela insaciável ganância de alguns. Uma tempestade insana que – dizem – emudeceu até os sinos da cidade. Sim, notei isso: os sinos de muitas Igrejas emudeceram. A hora do angelus não tem mais fundo musical.

Como não tem mais as estudantes do Rosa Castro, do Liceu, do São Luís, do Atheneu, nos paquerando das escadas greco-romanas da Biblioteca Pública, no Panteon dos Deuses da Literatura. O Teatro Arthur Azevêdo de imaculadas memórias repousa em paz encarando o que restou da antiga Faculdade de Direito do Maranhão, uma das mais antigas deste País. É a sina. A mesma sina paradoxal da rua da Saúde, onde ainda fornica o baixo meretrício. Ou da rua do Sol, onde a sombra é o extase, na tarde quente. Das flores, ou das Hortas, vítimas do implacável asfalto, coveiro das sementes que ainda insistiam em brotar.

Cadê Ana Jansen? Os cinemas Édem e Roxy? A chiquita Baiana? O Major Pereira, o Delegado Penha? Onde está minha história que vim desenterrar e ela, essa sim, mudou tanto? Submergiu na tromba d’água da boca do lobo, na rua onde nasci: Afogados. Foi levada pelo vento no rumo da croa, da Ponta D’areia e foi deitar nos braços do Rei D. Sebastião e no colo da Princesa Ina.

Axés, Orixás, Caboclos de pena. Encantados de Mina e Terecô. Encantados naturais, Pretos Velhos, Pai Joaquim, Pai Arruda, Tia Joana, Oxossis, Oxalás. Pais e Mães de Santo, Cambonos, intercedei por esta São Luís anfíbia, órfã de boa-vontade. Exu intercedei junto a Olódùmarè e lhe peça para abrir os olhos de quem nos governa. São Jorge, Ogum, sejam flecheiros da bemquerença e tirem o floco de neve do pezinho da formiguinha…

Como Editor-Chefe do Portal Mhário Lincoln do Brasil

VAMOS COM MAYRON RÉGIS

Com Mayron Régis
O “PARAISO AMBIENTAL” DA ALCOA

O mundo natural, para “alguns”, resume-se a uma série de ponderações sobre qual o melhor restaurante para almoçar ou qual melhor praia para se bronzear sem que se perca muito tempo.

Fica bem patente que se tentou evitar, na frase anterior, as generalizações que esborracham quaisquer raciocínios, sim, porque “alguns” não quer dizer todos e nem a maioria da sociedade.

Esse “alguns” quer dizer, simplesmente, segmentos da sociedade que aprisionam para si, para os bairros onde moram e para os seus locais de trabalho as melhores políticas públicas que a prefeitura, o governo do estado e em o governo federal abatem dos impostos pagos por todos, até porque como se sabe impostos são criados para sustentar a máquina estatal e não para melhorar as condições sócio-ambientais da população como um todo.

O discurso propende para a generalização, mas as políticas públicas, desde os anos oitenta, foram sacadas de seu contexto universal pelos órgãos de planejamento e pelas instituições de financiamento multilaterais e ganharam contornos de mera propaganda dos potenciais econômicos de uma ou outra região. Mero chamariz ou mero chafariz que se inaugura num dia e no outro já pregou.

A palavra “alguns” pretende metaforizar a privatização dos recursos naturais, financiada com dinheiro público, principalmente, mas a realidade compensa quaisquer figuras de linguagem.

Um dos consultores da STCP, lotado em Teresina, em uma das primeiras reuniões sobre o projeto da Suzano para o estado do Piaui, lembrava o dia em que o convidaram para trabalhar no estudo de impacto ambiental. De imediato associou nordeste e praia e pensou como folgaria depois de dias no batente da coleta de dados.

A imagem sobre a região nordeste veiculada pelos meios de comunicação de massa se atola no discurso preconcebido de que qualquer lugar fora dos centros urbanos seria um “paraíso” ambiental e que lá o povo vaga como em uma maré mansa. Esse é o invólucro que chega às mãos na forma de um folder e etc. Só que para um paraíso, os “alguns” vão num dia e voltam no outro. Para o trabalho, eles vão todos os dias. Quem ganha e quem perde com isso? Um “paraíso” ambiental protege exatamente o quê, pois enquanto milhares confluem para este “paraíso” outras tantas confluem para outras áreas que não apresentam nenhum status e depredam?

A ilha de São Luis, estado do Maranhão, está mais para os “paraísos fiscais”, onde são depositadas riquezas ilícitas. Com a ampliação da refinaria da Alumar, uma joint-venture da Alcoa, Alcan e Billiton, mais áreas na zona rural de São Luis vão servir de depósitos para os rejeitos. Uma dessas áreas é Aracáua. Ela faz parte da gleba Tibiri-Pedrinhas. A Alcoa faz questão da presença do presidente Lula na inauguração da ampliação.

Nessa área de 800 hectares, no começo dos anos 80, quando o governo do estado entregou toda a gleba para a Alcoa, moravam 300 famílias que hoje se espalham pela cidade de São Luis. Mesmo o governo do estado reconhecendo que essa área legalmente pertence à família do senhor Zé Carlos, os direitos dos moradores à indenização ou de voltarem à área nunca foram atendidos.

Na época do governo Jackson Lago, a Alumar se sentou com a SINCT e com a Procuradoria do Estado. Nessa reunião o governo tentava obter de volta parte gleba para a criação de assentamentos rurais, mas a Alumar desertou na hora da idéia.

Como assessor do Fórum Carajás