Com Joãozinho Ribeiro
O embate, até agora sem debates, entre as duas vertentes que se galvanizaram na disputa pela indicação do pré-candidato do PT à Prefeitura de São Luís, nas eleições municipais deste ano, coloca a descoberto toda uma disputa política que extrapola sensivelmente os limites do próprio Partido dos Trabalhadores, atraindo a expectativa de vários cidadãos e cidadãs sobre o desfecho das prévias que acontecerão neste domingo, 25 de março, na capital maranhense.
É o que anda nas cabeças e anda nas bocas, suspirando no breu das tocas, como diria o grande mestre do cancioneiro nacional – Francisco Buarque de Hollanda -, que estão falando alto pelos botecos, que gritam nos mercados...nos blogues e becos, nas travessas e ladeiras, escolas e feiras, palafitas e sobrados sem nenhuma certeza...Tal qual me indagaram um senhor e uma senhora esta semana em um dos grandes supermercados da cidade: “Vocês não vão deixar o Sarney ganhar de novo dentro do próprio PT aqui em São Luís, não é mesmo?”.
Conversei com eles e com muitas outras pessoas nestes últimos dias que nem são filiados ao Partido, mas que não suportam a idéia e muito menos a possibilidade de um candidato a prefeito de São Luís do PT apoiado pela oligarquia Sarney. O índice de rejeição a essa possibilidade, por si só, é medonho e imenso.
Escrevo este artigo, exatamente às 14 horas desta tarde de sábado chuvosa, querendo acreditar na sabedoria popular que nos anuncia que depois da tempestade, com toda a certeza, virá a bonança. Apesar de meio avesso a algumas destas tiradas popularescas, muitas delas carregadas de preconceitos cruéis, torço para que este vendaval anuncie uma nova paisagem para o cenário político da nossa São Luís, materializada na vitória de Bira do Pindaré e de todos aqueles que ainda carregam no peito a chama da esperança e da mudança das práticas oligárquicas, que infelicitam, há mais de cinqüenta anos o povo sofrido do Maranhão, e que foram trazidas para dentro do Partido, infelizmente.
Bira é o candidato legítimo do PT, uma jovem liderança nascida e amadurecida na luta e nos movimentos sociais, comunitários, religiosos, estudantis, sindicais, desde a sua primeira e única filiação numa agremiação partidária, que é o Partido dos Trabalhadores. Advogado, professor universitário, com mestrado em políticas públicas, cumprindo seu primeiro mandato de Deputado Estadual, com excelente votação na nossa capital.
Votei e fiz campanha para ele nas últimas eleições, junto com outros tantos camaradas da vida e da arte, mas já éramos antigos conhecidos das lutas comunitárias no Bairro do Vinhais, nas disputas internas do PT e em outros movimentos populares que tivemos a oportunidade de cerrar fileiras juntos, sempre por causas nobres e justas, em prol do interesse público e da justiça social.
No outro extremo da disputa das prévias do PT de São Luís, temos a figura cada vez mais isolada e desnorteada politicamente de Washington Oliveira, candidato inventado e apresentado pela oligarquia Sarney, representando um PT, se é que assim podemos dizer, completamente desfigurado; um verdadeiro mamulengo manipulado pelos cordéis cada vez menos invisíveis do mestre dos disfarces políticos, que enxerta em seus discursos inermes conteúdos dos seus truques de ventríloquo á distância.
Embora esta publicação só saia na segunda-feira, dia 26/03, desde já quero manifestar minha admiração e apreço por todos aqueles companheiros que se juntaram e expressaram, neste 25 de março, sua posição contrária à tomada definitiva do PT pelos tentáculos peçonhentos do sarneysmo, representados pela candidatura do atual vice da governadora Roseana, sua verdadeira e principal madrinha e aliada nesta história tenebrosa.
Bira do Pindaré representa neste momento a grande resposta de todos aqueles que não se curvaram, não trocaram seus ideais por um cargo temporário na estrutura do governo dos sarneys, e nem venderam sua alma para aquele sujeito rei e coronel das profundezas ardentes.
A vitória de Bira do Pindaré nas prévias deste domingo é a vitória do PT dos movimentos sociais, dos bairros, dos sindicatos combativos, dos trabalhadores rurais (com terra e sem terra), dos ambientalistas, dos artistas, dos estudantes, dos sem-teto...enfim dos que não traíram as suas próprias consciências e acreditam ainda num Partido dos Trabalhadores de massas e de luta.
Como poeta/compositor/militante do PT